09/02/2022

RESUMO do 1º capítulo do livro Avaliação da Aprendizagem (Luckesi)

 

Cap. 1 - Avaliação da aprendizagem: apontamentos sobre a pedagogia do exame

       Luckesi ressalta que o texto (capítulo) é composto por apontamentos acerca de observações gerais sobre a prática da avaliação da aprendizagem na escola brasileira.

       A característica que de imediato se evidencia na nossa prática educativa é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por um ‘pedagogia do exame’.

       Propõe que o tema a ser analisado seja a compreensão de que a prática pedagógica está polarizada pelas provas e exames.

       O nosso exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame que por uma pedagogia do ensino/aprendizagem.

Atenção nas provas (professores, provas como instrumentos de ameaças e torturas prévias dos alunos, elemento motivador)

       Atividades docentes e discentes: treinamento de “resolver provas”.

       Os pais:  promoção

       O estabelecimento de ensino: resultados das provas e exames.

       “O sistema social: está atento aos resultados gerais.

       “Em síntese: os sistemas de exames, como suas consequências em termos de notas e suas manipulações, polarizam a todos. Os acontecimentos do processo de ensino e aprendizagem, seja para analisá-los criticamente, seja para encaminhá-los de forma mais significativa e vitalizante, permanecem adormecidos em um canto. De fato, a nossa prática educativa se pauta por uma ‘pedagogia do exame’. Se os alunos estão indo bem nas provas e obtém boas notas, o ais vai...”

       Desdobramentos especialmente na relação professor-aluno

       Provas para reprovar

       Pontos a mais e pontos a menos

       Uso da avaliação da aprendizagem como disciplinamento social dos alunos (égide do medo).

       Explicações

       Esses fatos não se dão por acaso. Tais práticas já estavam nas pedagogias dos séculos XVI e XVII, no processo de emergência e cristalização da sociedade burguesa e perduram ainda hoje.

       A pedagogia jesuítica

       Tinha uma atenção especial com o ritual das provas e exames

       Pedagogia comeniana (Comênio):

       insiste na atenção especial que se deve dar à educação como centro de interesse na ação do professor, mas não prescinde do uso de exames.

       Para ele o medo é um excelente fator para manter a atenção dos alunos.

       Sociedade burguesa

Além de vivermos ainda sob a hegemonia da pedagogia tradicional (os jesuítas chegaram ao Brasil, em 1549, com nosso ilustre Primeiro Governador Geral, Tome de Souza), estamos mergulhados nos processos econômicos, sociais e políticos da sociedade burguesa, no seio da qual a pedagogia tradicional emergiu e se cristalizou, traduzindo o seu espirito.

       A sociedade burguesa aperfeiçoou seus mecanismos de controle:

o   dentre eles a seletividade escolar;

o   O medo e o fetiche.

o   Fetiche

o   “uma ‘entidade’ criada pelo ser humano para atender a uma necessidade, mas que se torna independente dele e o domina, universalizando-se”.

o   “A avaliação da aprendizagem escolar, além de ser praticada com uma tal independência do processo ensino-aprendizagem, vem ganhando foros de independência da relação professor-aluno. As provas e exames são realizados conforme o interesse do professor ou do sistema de ensino. Nem sempre se leva em consideração o que foi ensinado. Mais importante do que ser oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor. As notas são operadas como se nada tivessem a ver com a aprendizagem. As médias são médias entre números e não expressões de aprendizagens bem ou malsucedidas”.

o   “No que se refere à aprovação ou reprovação, as médias são mais fortes do que a relação professor-aluno.

o   As notas se tornaram divindade adorada tanto pelo professor quanto pelo aluno.

o   O medo

o   Importante no controle social (internalizado é freio às ações indesejáveis). Reiterado, gera modos permanentes e petrificados de ação. Daí, o Estado, a Igreja, a família e a escola utilizarem-se dele de forma exacerbada.

o   “O castigo é o instrumento gerador do medo, seja ele, explícito ou velado. Hoje não estamos usando o castigo físico explícito, porém, estamos utilizando um castigo muito mais sutil – o psicológico. A ameaça é um castigo antecipado”.

o   Avaliação da aprendizagem nas escolas: papel de castigo permanente, por meio da ameaça.

o   Consequências

o   Pedagogicamente: centra a atenção nos exames, não auxilia a aprendizagem dos educandos.

o   Psicologicamente

o   Útil para desenvolver personalidades submissas, da autocensura. O fetiche inviabiliza tomar a realidade como limite da compreensão e das decisões da pessoa.

o   Sociologicamente

o   Da forma como é utilizada é útil para os processos de seletividade social.