Cap.
1 - Avaliação da aprendizagem: apontamentos sobre a pedagogia do exame
• Luckesi ressalta que o texto
(capítulo) é composto por apontamentos acerca de observações gerais sobre a
prática da avaliação da aprendizagem na escola brasileira.
• A característica que de imediato
se evidencia na nossa prática educativa é de que a avaliação da aprendizagem
ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa
escolar passou a ser direcionada por um ‘pedagogia do exame’.
•
Propõe
que o tema a ser analisado seja a compreensão de que a prática pedagógica está
polarizada pelas provas e exames.
•
O
nosso exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do
exame que por uma pedagogia do ensino/aprendizagem.
Atenção
nas provas (professores, provas como instrumentos de ameaças e torturas prévias
dos alunos, elemento motivador)
•
Atividades
docentes e discentes: treinamento de “resolver provas”.
•
Os
pais: promoção
•
O
estabelecimento de ensino: resultados das provas e exames.
•
“O
sistema social: está atento aos resultados gerais.
•
“Em
síntese: os sistemas de exames, como suas consequências em termos de notas e
suas manipulações, polarizam a todos. Os acontecimentos do processo de ensino e
aprendizagem, seja para analisá-los criticamente, seja para encaminhá-los de
forma mais significativa e vitalizante, permanecem adormecidos em um canto. De
fato, a nossa prática educativa se pauta por uma ‘pedagogia do exame’. Se os
alunos estão indo bem nas provas e obtém boas notas, o ais vai...”
•
Desdobramentos
especialmente na relação professor-aluno
•
Provas
para reprovar
•
Pontos
a mais e pontos a menos
•
Uso
da avaliação da aprendizagem como disciplinamento social dos alunos (égide do
medo).
•
Explicações
•
Esses
fatos não se dão por acaso. Tais práticas já estavam nas pedagogias dos séculos
XVI e XVII, no processo de emergência e cristalização da sociedade burguesa e
perduram ainda hoje.
•
A
pedagogia jesuítica
•
Tinha
uma atenção especial com o ritual das provas e exames
•
Pedagogia
comeniana (Comênio):
•
insiste
na atenção especial que se deve dar à educação como centro de interesse na ação
do professor, mas não prescinde do uso de exames.
•
Para
ele o medo é um excelente fator para manter a atenção dos alunos.
•
Sociedade
burguesa
Além
de vivermos ainda sob a hegemonia da pedagogia tradicional (os jesuítas
chegaram ao Brasil, em 1549, com nosso ilustre Primeiro Governador Geral, Tome
de Souza), estamos mergulhados nos processos econômicos, sociais e políticos da
sociedade burguesa, no seio da qual a pedagogia tradicional emergiu e se
cristalizou, traduzindo o seu espirito.
•
A
sociedade burguesa aperfeiçoou seus mecanismos de controle:
o
dentre
eles a seletividade escolar;
o
O
medo e o fetiche.
o
Fetiche
o
“uma
‘entidade’ criada pelo ser humano para atender a uma necessidade, mas que se
torna independente dele e o domina, universalizando-se”.
o
“A
avaliação da aprendizagem escolar, além de ser praticada com uma tal
independência do processo ensino-aprendizagem, vem ganhando foros de
independência da relação professor-aluno. As provas e exames são realizados
conforme o interesse do professor ou do sistema de ensino. Nem sempre se leva
em consideração o que foi ensinado. Mais importante do que ser oportunidade de
aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de
resistência do aluno aos ataques do professor. As notas são operadas como se
nada tivessem a ver com a aprendizagem. As médias são médias entre números e
não expressões de aprendizagens bem ou malsucedidas”.
o
“No
que se refere à aprovação ou reprovação, as médias são mais fortes do que a
relação professor-aluno.
o
As
notas se tornaram divindade adorada tanto pelo professor quanto pelo aluno.
o
O
medo
o
Importante
no controle social (internalizado é freio às ações indesejáveis). Reiterado,
gera modos permanentes e petrificados de ação. Daí, o Estado, a Igreja, a
família e a escola utilizarem-se dele de forma exacerbada.
o
“O
castigo é o instrumento gerador do medo, seja ele, explícito ou velado. Hoje
não estamos usando o castigo físico explícito, porém, estamos utilizando um
castigo muito mais sutil – o psicológico. A ameaça é um castigo antecipado”.
o
Avaliação
da aprendizagem nas escolas: papel de castigo permanente, por meio da ameaça.
o
Consequências
o
Pedagogicamente:
centra a atenção nos exames, não auxilia a aprendizagem dos educandos.
o
Psicologicamente
o
Útil
para desenvolver personalidades submissas, da autocensura. O fetiche
inviabiliza tomar a realidade como limite da compreensão e das decisões da
pessoa.
o
Sociologicamente
o
Da
forma como é utilizada é útil para os processos de seletividade social.