29/08/2016

Teste seus conhecimentos: língua portuguesa e indisciplina na escola

Seque abaixo interessante questão elaborada pela banca examinadora Cetro que une dois conteúdos imprescindíveis aos aspirantes a cargos públicos na área da educação: língua portuguesa e conhecimentos específicos. A questão destacada exige conhecimentos de gramática, interpretação e compreensão de texto e, ainda, relativos ao livro Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas, presente na bibliografia para diretor de escola da SEESP segundo a Resolução 52. 

(Cetro/2012) Leia o texto abaixo para responder às questões de 1 a 3.

“Se admitirmos que as práticas escolares são testemunhas (e sempre protagonistas) das transformações históricas, isto é, que seu perfil vai adquirindo diferentes contornos de acordo com as contingências socioculturais, temos que admitir também que a indisciplina nas escolas revela algo interessante sobre nossos dias.
Com a crescente democratização política do país e, em tese, a desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se criou. Temos diante de nós um novo aluno, um novo sujeito histórico, mas, em certa medida, guardamos como padrão pedagógico a imagem daquele aluno submisso e temeroso. De mais a mais, ambos, professor e aluno, portavam papéis e perfis muito bem delineados: o primeiro, um general de papel; o segundo, um soldadinho de chumbo. É isto que devemos saudar?
Outro dado problematizador desse mito da escola de outrora refere-se ao fato de ela ser um espaço social pouco democrático. Aliás, o direito à escolaridade básica de oito anos é uma conquista social muito recente na história do país; basta lembrarmos os exames de admissão de antes do início dos anos 70.
No caso do Estado de São Paulo, relata um dos protagonistas da reforma da época: “O problema maior da expansão maciça do ensino ginasial consistiu na resistência de grande parcela do magistério secundário que encontrou ampla ressonância no pensamento pedagógico da época. Raros foram os que tomaram posição na defesa da política de ampliação de vagas, embora todos, como sempre, defendessem a democratização do ensino. A alegação de combate, já tantas vezes enunciada, era sempre a mesma: o rebaixamento da qualidade do ensino”.
É possível afirmar, portanto, que esta escola de outrora tinha um caráter elitista e conservador, destinando-se prioritariamente às classes sociais privilegiadas. Ou melhor, o acesso das camadas populares à escola era obstruído pela própria estruturação escolar da época. O que os dias atuais atestam, no entanto, é que as estratégias de exclusão, além de continuarem existindo, sofisticaram-se.

AQUINO, Julio Groppa. “A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento”. In AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p.41-44 (com alterações).

1. Levando em consideração o texto como um todo e as orientações da gramática normativa tradicional, assinale a alternativa correta a respeito das afirmações do primeiro parágrafo.

(A) O trecho inicial “Se admitirmos que as práticas escolares são testemunhas”, pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que ocorra erro gramatical ou alteração de sentido: “Admitir-se que as práticas escolares são testemunhas”.
(B) No trecho: “Se admitirmos que as práticas escolares são testemunhas (e sempre protagonistas)”, o trecho incluído entre parênteses acrescenta afirmação que não terá relevância no desenvolvimento do texto como um todo.
(C) Infere-se, a partir do primeiro parágrafo, que as práticas escolares são resultantes de fatores externos ao cotidiano escolar em si, cujo funcionamento e cujas normas prescindem das contingências socioculturais em que estão imersos.
(D) No fragmento: “seu perfil vai adquirindo diferentes contornos de acordo com as contingências socioculturais”, o vocábulo destacado pode ser substituído por “eventualidades”, sem causar alteração de sentido.

2. Levando em consideração o texto como um todo e as orientações da gramática normativa tradicional, assinale a alternativa correta a respeito das afirmações do primeiro e do segundo parágrafos.

(A) Infere-se que a indisciplina revela uma contradição inerente ao cotidiano escolar dos nossos dias: um novo modelo de aluno em conflito com escolas ainda pouco democráticas, de caráter elitista e conservador.
(B) Nos trechos: “democratização política do país” e “desmilitarização das relações sociais”, no segundo parágrafo, os termos destacados são resultado da regência dos substantivos abstratos de ação que os precedem e expressam os agentes das ações representadas por esses substantivos.
(C) A oração “Temos diante de nós um novo aluno, um novo sujeito histórico” pode ser reescrita da seguinte maneira, sem que ocorra erro gramatical ou prejuízo semântico: “Há diante de nós um novo aluno, um novo sujeito histórico”.
(D) No trecho: “um novo sujeito histórico mas, em certa medida, guardamos como padrão pedagógico a imagem”, a segunda ocorrência da vírgula é obrigatória, devido à utilização da conjunção coordenativa “mas”.

3. Levando em consideração o texto como um todo e as orientações da gramática normativa tradicional, assinale a alternativa correta a respeito das afirmações do segundo e terceiro parágrafos.

(A) As expressões “daquele aluno submisso e temeroso” e “um soldadinho de chumbo”, do segundo parágrafo, referem-se ao modelo de aluno que correspondia às expectativas das escolas de caráter elitista e conservador, ligadas à desmilitarização das relações sociais.
(B) Por meio da pergunta que encerra o segundo parágrafo, é possível inferir o ponto de vista defendido no texto: o de que o modelo pouco democrático, elitista e conservador da escola de outrora não só não corresponde à nova geração de alunos como não merece aclamação.
(C) O trecho “refere-se ao fato de ela ser um espaço social pouco democrático”, também pode ser escrito da seguinte maneira, sem que ocorra erro gramatical: “refere-se ao fato dela ser um espaço social pouco democrático”.
(D) O trecho final do terceiro parágrafo “basta lembrarmos os exames de admissão de antes do início dos anos 70” pode ser reescrito da seguinte maneira, sem que ocorra erro gramatical ou prejuízo semântico: “basta lembrarmos dos exames de admissão anteriores ao início dos anos 70”.

Gabarito

1- D
2- A
3- B

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