Tudo posso Naquele que
me fortalece
Professora Maria Beatriz
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Foto: google |
Neste texto compartilho com vocês,
concurseiros e concurseiras, minha trajetória em concursos públicos. Espero que
de uma forma contribua para manter a esperança e o sonho SEMPRE vivos, pois
vale apena acreditar que somos capazes.
Iniciei
minha trajetória de concurseira no ano de 2000, quando resolvi ingressar na
Faculdade. Como não podia pagar as mensalidades exorbitantes das instituições
privadas, decidi que entraria na Universidade de São Paulo – USP, por ser
mantida pelo poder público, portanto não precisaria pagar. Só assim seria
possível realizar meu sonho. Importante observar que na época não sabia muito
bem o que significava entrar na USP, melhor dizendo, mesmo morando na cidade de
São Paulo há vários anos, não tinha ouvido falar muito dela, menos ainda estado
nela (nasci em uma pequena vila no interior do estado de Pernambuco, Zé Gomes,
pertencente ao município de Exu. Sim, ela mesma: a cidade do Rei do Baião, Luiz
Gozanga). Como se vê, tinha muito a fazer para chegar lá!
Inicialmente
tive que enfrentar dois problemas: trabalhava em uma indústria de cosmético em
São Paulo e, como a maioria dos brasileiros, havia feito o ensino médio na rede
pública de ensino. O primeiro limitava meu tempo de estudo. Já o segundo,
redeu-me defasagem de escolarização se comparada à dos meus futuros concorrentes.
Assim, tive que descobrir as possibilidades de enfrentamento.
Não
podia abrir mão do trabalho, restando-me usar o tempo que era possível para
estudar, ou seja, à noite. Mas não era suficiente. Dessa forma, matriculei-me
em um cursinho aos sábados e, eventualmente, aos domingos. Naquele momento já
havia identificado quais eram as disciplinas que tinha maior facilidade e as
que tinha maior identificação: humanas e alguns tópicos das biológicas. As
exatas sempre foram meu tendão de Aquiles.
Realizado
o exame das minhas preferências e das áreas de maior conhecimento, comecei a
estudar com o propósito de tirar a pontuação necessária para passar para a
segunda fase da temida Fuvest. Meu plano deu certo: passei para a segunda fase.
Fiz a segunda prova e fui aprovada, ingressando, finalmente, no curso de
Pedagogia da USP, em 2001. Na época pensava que a batalha já estava ganha, ledo
engano, estava apenas começando. Mas essa é uma outra história.
Conclui
o curso de Pedagogia em 2005, mais precisamente em julho de 2005. Finalizado o
curso, bateu o desespero: precisava trabalhar. Enviei diversos currículos,
sendo chamada e contratada para trabalhar em uma escola de educação infantil.
Naquele
mesmo ano, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo abriu concurso para professores
de educação básica (PEB I). Era uma oportunidade impar para ingressar no
serviço público. Precisava aproveitá-la. Mais uma vez as noites foram minhas
companheiras de estudo. Comprei uma apostila (hoje sou mais criteriosa na
aquisição desse tipo de material) para “guiar meus estudos”, mas confesso que
cometi diversos erros ao planejá-lo, tais como:
1-
não ler o edital;
2-
não analisar a bibliografia;
3-
não procurar me informar acerca das características da banca examinadora;
4-
não estudar por provas anteriores.
Hoje,
acredito que esses quatros pontos são de suma importância no processo de
preparação de qualquer concurseiro ou concurseira.
Lembro-me
que lia a apostila com afinco, tentava relacionar o que estudava com os
conteúdos que havia aprendido na faculdade, ainda estava tudo “fresquinho”.
Creio que em grande medida foi isso que me ajudou a ser aprovada em meu
primeiro concurso para professor: estudar, relacionando os conteúdos. Aprovada,
ingressei no magistério público paulista no início do ano de 2006, permanecendo
até agosto de 2013, quando pedi exoneração.
No
concurso de 2005 aprendi que não se deve responder a prova a partir do que se
acredita, mas a partir do que os autores acreditam. Como ressaltava um dos meus
professores da faculdade, o dia da prova não é o momento para expor opinião. Portanto,
resolva-a tendo em vista a bibliografia, concordando ou não com os pontos de
vista nela contida.
Minha segunda participação em
concurso público ocorreu em 2010. Na ocasião o certame era para professor da
rede municipal de São Paulo. Devido ao fato de trabalhar como professora e
estar finalizando um curso de pós-graduação, não me preparei como deveria. Fui
aprovada, mas com uma péssima classificação. Contudo, nem tudo foi fracasso. O
concurso ensinou-me que cada concurso é único, o conhecimento que você tem é
importante, mas se quiser ser aprovado ou aprovada com uma ótima classificação,
deve haver planejamento, estudo, esforço e dedicação.
Nos anos seguintes participei de
dois processos seletivos: 2011, em Cajamar e, em 2012, em Sorocaba. Em ambos
fui aprovada com uma ótima colocação. Mas o grande desafio ocorreu em 2015.
Já
residindo em Sorocaba, participei do concurso para professor. Era muito
importante ser aprovada, pois era a chance de me estabelecer definitivamente na
cidade. Portanto, lancei mão dos aprendizados anteriores.
Li
demoradamente o edital, destacando as datas importantes; analisei a bibliografia
com o intuito de identificar o que sabia sobre os autores; adquiri alguns
livros, outros busquei em bibliotecas e na internet; pesquisei sobre a banca
examinadora (provas anteriores e comentários de outros concurseiros). Realizada
esta etapa preliminar, planejei como seria minha rotina de estudos.
Não
posso deixar de mencionar que aquela altura de minha vida já estava casada e
trabalhando em uma Faculdade. Restava-me pouco tempo efetivo para os estudos. Então
procedi da seguinte forma: agrupei a bibliografia por temas (educação infantil,
alfabetização, legislação educacional...), língua portuguesa e matemática. Em
relação à matemática, destinei menos tempo, pois é meu ponto fraco (não havia
tempo para aprender o que não sabia); para língua portuguesa, que tenho maior
facilidade, dediquei um pouco mais: duas horas, três vezes por semana.
À
bibliografia específica, reservei, em média, uma hora por dia. Na reta final,
já de férias do trabalho, intensifiquei os estudos, chegando a 8 horas. Uma
dica que dou, e que foi essencial para minha aprovação, foi parar de estudar
quando me sentia cansada ou quando nada mais “entrava na cabeça”. Não vale
apena continuar, relaxe, sai um pouco do ambiente de estudo, volte depois com a
cabeça “fria”.
Segui
o plano de estudos até o fim, o que resultou em minha aprovação, com uma ótima
classificação, para ser mais exata, 35ᵃ, se analisada as circunstâncias em que
ela se deu. Ainda em 2015, participei de
outros dois concursos, sendo um para o cargo de professor e, o outro, para
supervisor escolar. Fui aprovada em ambos, mas a classificação não foi
expressiva.
No
início deste ano, 2016, participei de um certame para provimento do cargo de
vice-diretor de escola. Na preparação apliquei o conhecimento adquirido em
minha trajetória de concurseira. Análise do edital, da bibliografia, da banca
examinadora, um plano de estudo adaptado as minhas necessidades e
disponibilidade de tempo. Quero destacar duas táticas que utilizei que resultou
em ótimos resultados: anotar tudo (fazer sínteses, esquemas e mapas conceituais)
e, na medida do possível, estudar pelos livros e artigos, recorrendo aos resumos
das obras apenas como exercício de fixação. Fiquei muito contente quando saiu o
resultado: foi aprovada em primeiro lugar. Hoje, estou preste a assumir o cargo
na vice-direção. Já até escolhi a escola em que vou trabalha.
Foi
a partir dessas minhas inúmeras experiências que decidi compartilhar, com todos
e todas que como eu, estudam, batalham para ser aprovados em concursos públicos
na área educacional, o conhecimento, os materiais que arquivei, que elaboro e que
pesquiso, no blog que criei. Não
concordo que devemos adotar as técnicas de estudo utilizadas por outras
pessoas, mas acredito que elas podem auxiliar-nos a elaborar as nossas, adequadas
as nossas necessidades.